Relatório: Gatilho
Etapas da A/R/COGRAFIA: Gatilho
Segundo Veiga (2020), todos os projetos
têm um gatilho, que pode ser despoletado por fatores internos, externos ou pela
combinação de ambos. No caso do PMAD que se começa a idealizar, o momento do “gatilho”
aconteceu pela combinação de ambos os fatores, na medida em que a ideia conceptual
inicial surgiu na contemplação e reflexão de um projeto de Arte Generativa, Rituals
– Venice de Aaron Penne & Boreta, projeto esse abordado na etapa da
inspiração. Esta “influência” enquadra-se no que poderá ser um fator externo, como
referido por Veiga (2020), uma vez que os fatores externos poderão estar “associados
a pessoas ou objetos, despoletando sensações estéticas, éticas ou
transcendentais”. Relativamente aos fatores internos, destaca-se o meu contexto
de vida. Paralelamente à formação em Informática, tenho formação em Línguas,
Literaturas e Culturas. E como não poderia deixar de ser, tenho uma apreciação
de longa data pela literatura, particularmente a portuguesa do movimento Modernista
- e claro - pelas obras de Fernando Pessoa.
Também o histórico da literatura
pessoana, associada ao movimento futurista, as características da poesia do
autor, como a eternidade dos versos e a multiplicidade de personagens e/ou heterónimos
distintos, a sua escrita compulsiva, constituem um fator externo, uma vez que,
no estudo efetuado relativamente a arte generativa se formou mentalmente uma
associação lógica na simbiose desses dois ambientes.
Tal como registado no DDB, na
página “Gatilho”, ao deixar-me absorver por vários projetos de Arte Generativa,
encontrei vários, ligados a vários tipos de arte. E talvez pelo meu
"percurso" me tenha chamado a atenção a expressão "Ciberpoesia".
Assim no imediato, questionei (para os meus botões): "E se ele voltasse? e
se ... conseguisse produzir um projeto de arte generativa que captasse as suas
múltiplas personalidades, em que, utilizando poemas já existentes, fossem
gerados ciberpoemas, através das palavras já deixadas pelo próprio Pessoa? E
se... será que voltaria "a viver" eternamente, nos seus
infinitos?"
Este texto, escrito em 09
novembro 2022, representa o preciso momento – o gatilho. Tal como refere o
autor:
“O gatilho é,
do ponto de vista da a/r/cografia, o evento que propulsiona o a/r/cógrafo a
formular a questão de investigação (artística e/ou académica), a vontade de
perseguir uma determinada linha de investigação teórica, estética ou técnica,
que determinará de seguida uma hipótese ou intenção de pesquisa.” Veiga (2020)
Esta é uma etapa muito importante
no processo criativo, pois é a partir dela que começam a surgir conceitos, ideias
conceptuais, temas, desejos e esquissos. “O gatilho despoleta ou manifesta
conexões entre a inspiração e a razão, canaliza-as e conduz o artista à
criação.” Veiga (2020) – e estas conexões manifestaram-se na relação que “visualizei”,
na possibilidade de transformação de uma parte da poesia pessoana em poesia
generativa.
Foi a partir deste momento que
esbocei os primeiros esquissos do que poderá vir a ser o meu PMAD:
Claro que são apenas relações e aceções
iniciais, sujeitas a transformações e à influência de outros pontos de inspiração,
e quem sabe outros gatilhos, pois estas etapas não são (nem poderiam) ser
estáticas. O pensamento, as ideias, a forma de expressão, a temática, a
intenção, estão em constante movimento no processo criativo, pelo que tomarão
as formas necessárias para que o artefacto final reflita os vetores de desenvolvimento
considerados tendo em conta a intenção definida.
Links do DDB: Página com entradas
– Gatilho
https://ddbmsoberano.blogspot.com/p/gatilho.html
Referências
Veiga, P. A. (2020). O Museu de
Tudo em Qualquer Parte: arte e cultura digital - interferir e curar. Coleção
Humanitas, Centro de Investigação em Artes e Comunicação. Grácio Editor. https://repositorioaberto.uab.pt/handle/10400.2/11265